Simples atitudes que evitam o crash de bons negócios

Em artigo, Abraham Shapiro faz uma abordagem sobre as posturas dos executivos para evitar que as empresas quebrem e propõe uma reflexão aos leitores do Portal HSM

“Os sete erros na gestão”, “Evite os dez principais erros”, “Os cinquenta erros mais comuns”. Existem diversas receitas prontas sobre o que não errar na implantação de um novo negócio, entretanto é crescente o número de empresas sucumbindo a cada dia.

Fórmulas e conselhos funcionam? Pode ser. Mas talvez seja hora de novas abordagens. Como coach, aposto em ampliar as condições que ajudem as pessoas a pensar mais para decidir melhor; e não valorizo procedimentos padronizados. Afinal, cada caso tem suas peculiaridades e é diferente do outro.

As regras do jogo

Se existem pessoas sentadas em volta de uma mesa jogando pôquer ou truco, uma afirmação é correta: todas, no mínimo, sabem as regras do jogo. Pode haver entre eles alguns que conheçam mais estratagemas com as cartas do que outros, e joguem melhor por conta desta habilidade. Mas até o mais fraco dos jogadores tem que conhecer as regras. Do contrário, ele não entraria na roda.

Este mesmo padrão devia imperar no exercício de qualquer negócio. Digo isto porque frequentemente encontro pessoas que empatam altas somas de dinheiro em uma empresa, cheias de sonho e visão de oportunidade, sem jamais ter recebido algum preparo anterior.

Elas investem em muitos pontos, exceto em conhecer temas básicos como compra e venda, gestão de pessoas, rudimentos de contabilidade, finanças e outros quesitos.  As pessoas pressupõem que a motivação dos sonhos é suficiente para aproximá-las do sucesso.

Talento, oportunidades e boa vontade não bastam para se “chegar lá” em negócios. Existem alicerces mínimos insubstituíveis, como estudo de casos e soluções, acesso a informações de mercado, disciplina rigorosa, conhecimentos de gestão etc.

Outras variáveis

Um empresário mandou-me um e-mail em que fazia a seguinte pergunta: “Estou em um negócio há quatro anos. Comecei bem, mas acho que estou sem sorte há um ano e meio. Por que algumas vezes vivenciamos períodos de má sorte, quando nada parece dar certo?”

Não lhe obrigo a concordar com a resposta que dei a ele. Mas desejo que você pense a respeito. Disse:“Se os seus negócios não vão bem, não desista. Continue a fazer o que você está fazendo, porém, faça-o de maneira diferente. Não cometa o erro de mudar de negócio agora, já que eu suponho que hoje você sabe fazer o que se propõe mais do que há quatro anos. É bem provável que o problema não esteja no negócio em si, mas na forma de conduzi-lo, na maneira de gerenciar, relacionar-se com clientes, organizar-se, comunicar ideias, gerir etc. Você deve conhecer a frase: “Chocolate não engorda, quem engorda é você”. Com ela aprendemos que o problema dificilmente estará em “o que você faz”, mas em “como está fazendo”.

Existe um paradoxo intrigante na filosofia judaica. Diz o seguinte: “Quando você tiver desistido de toda ambição de alcançar algo, estará no caminho certo para alcançá-lo”. Uma das interpretações possíveis é: quando algo é importante, você pode ter insucesso se tentar demais. Porém, ao invés de desistir – ou persistir obsessivamente –  afaste-se um pouco. E agora se pergunte: “Por que isto se tornou uma ambição?”. O distanciamento intelectual pode ajudá-lo a ter visão clara do que há de errado.

A vida oferece infinitas possibilidades. Pode ser um erro ficar olhando para uma, duas ou três opções e achar que só existem estas. Na verdade, elas são apenas as que queremos ver. Mas existem outras infinitas. É por isso que não temos o direito de perder a fé ou a confiança. Não importa quão decepcionante tenha sido o passado ou quanta frustração há no presente. Com confiança, não nos sentiremos derrotados ao encarar o futuro.

Nos jogos de pôquer, cada mão é matematicamente independente da anterior. Um bom jogador irá se desligar dos resultados obtidos nas tentativas anteriores para raciocinar na mão atual.

No caso específico que você me expôs em seu e-mail, isto equivale a fazer uma boa análise dos procedimentos errados que praticou anteriormente e aprender as lições obrigatórias deixadas por eles. No passo seguinte, esqueça o que passou. Crie uma nova forma de pensar e de agir, e ponha-as em prática.

Não faz sentido acreditar que a vida é ditada pela sorte, pela falta dela ou pelos movimentos planetários no mapa astrológico do dia. Quando algo for importante – e cada tentativa de alcançá-lo é independente da anterior – o curso correto de ação consiste em continuar tentando, mesmo que isto não signifique o sucesso na proporção e no tempo que você previa. Resumindo, o segredo dos grandes e expressivos sucessos está no foco.

Abraham Shapiro - consultor e coach, à frente da Shapiro Consultoria